nós

rê (renata cabral)

eu sou aquela que veio de uma outra cidade. primeiro mais ao sul, depois ao norte perto de um rio, depois ao sul de novo perto de um outro rio onde extrapolei a meninice.
vim parar no meio? não sei ao certo. só vim. sem conhecer as palavras certas, nem os livros certos, nem os caminhos certos dessa cidade grande. ela pede ônibus. ela me pediu que eu deslocasse de novo do sul para o norte. no norte fica a casa rosa. fiquei seis anos nesta casa. lá encontrei... além de um outro prédio que tem um piscinão, com pessoas muito, muito distintas. elas pareciam de um outro lugar, na verdade de vários lugares. no sul e no norte de antes as pessoas pareciam mais iguais. entendi, ao voltar, que não é bem assim. sul, norte, centro, centro-oeste, nordeste... tudo diferente. o ponto de vista é contexto da vida. nesses encontros achei uma moçameli de cabelos cor de rosa, um moçocaetano que vestia uma camisa com desenhos de palhaços e um outro moçopreto de cabelos trançados. passamos a compartilhar o tempo.
hoje vivemos ao leste. soledade e mario de andrade. fazemos muitas coisas juntos. jogamos buraco, fazemos almoço, casamento, limpamos casa, assistimos tv, tomamos cerveja, comemos brigadeiro de colher, vemos filmes, lemos coisas, viajamos pro sul, pro norte, pro leste... e dividimos tudo de novo. eles e eu somos nós.
eu sou essa. que um e vários, dos vários encontros da vida conhecem um cadiquinho. já fiz peça, faço peça, já animei crianças, já fiz filme, faço filme, propaganda, já cantei em karaokê, em botecos, já dancei pra minha mãe, pro meu pai, já deixei que um menino jogasse um saco de farinha na minha cabeça, já participei de campeonatos de natação, já tentei cantar de verdade, já entendi que uma coisas são pra mim, outras não, na verdade nunca se sabe tudo... faço essas coisas da vida! estou caminando.
é assim e sempre querendo um tantinho mais.


Maria Ladeira Rodrigues

Não me dou muito bem com as palavras, é como se elas reduzissem as sensações e então como me explicar?
Gosto do sentir. Um cheiro de planta, o sol esquentando, o gosto de uma fruta bem docinha...
Amo os bichos e tudo o que eles têm para nos ensinar. Como são generosos os bichos...
Divirto-me assistindo as pessoas se perdendo e se encontrando, ou achando que.
Sou adaptação. O mundo muda e eu mudo com ele. É a lei da sobrevivência!
No mais, sou dúvida, saudade, desassossego, alegria, amor, dor e tudo mais de humano que houver pra ser vivido.